terça-feira, 12 de abril de 2011

USP na contramão da democracia: qual a novidade do EXCLUSP?

Nota da Rede Emancipa sobre o novo Inclusp e o vestibular:

USP na contramão da democracia: qual é a novidade no EXCLUSP?


A nova proposta dos dirigentes da USP para o vestibular da FUVEST mostra uma universidade caminhando na contramão da democracia. No dia 31 de março de 2011 o Conselho de Graduação da USP (CoG) aprovou parte desta proposta alterando o INCLUSP, pretenso Programa de Inclusão Social da USP para alunos oriundos da escola pública.

Criado em 2006, o INCLUSP garantia a esses estudantes um ínfimo bônus de 3%, podendo ser timidamente ampliado de acordo com o desempenho nas provas específicas do PASUSP. A mudança aboliu o bônus de 3% e substituiu as provas específicas pela prova da FUVEST. A manobra do CoG é dizer que a medida é inclusiva pois o bônus aumentou: teoricamente, se o candidato acertar 60 das 90 questões da FUVEST ele ganhará 10% de bônus. Se prestar como treineiro e acertar 40 das 90 questões, já garante 5% de bônus para o ano seguinte. Essa pontuação na FUVEST, no entanto, é tão elevada que já garante a aprovação para a maioria dos cursos da USP!

Para a Rede Emancipa, o novo INCLUSP está mais para EXCLUSP. Com ele a universidade reafirma um caráter meritocrático, excludente e elitista. E o vestibular continua sendo um funil sócio-econômico, que favorece o candidato treinado pela escola privada ou por cursinho caríssimos. Não à toa que estes são cerca de 75% dos universitários uspianos. Cerca de 89% dos estudantes, brancos.

Ano a ano se repete essa seleção que retroalimenta a desigualdade na sociedade. É um modelo falido que impõe a necessidade de pensar alternativas concretas. E tanto o novo INCLUSP como o novo ENEM reproduzem velhos problemas.

As alterações aprovadas na USP estão só começando: há propostas para o próximo CoG que podem tornar toda a FUVEST mais retrógrada do que já é. Além disso, em vez de ampliar o número de vagas na USP, a reitoria de João Gandino Rodas anunciou o corte de vagas nos cursos de “baixo impacto” no mercado. Assim, 330 vagas foram ameaçadas na EACH (USP Leste).
Como se não bastasse, a política de acesso da universidade segue sendo ditada à portas fechadas. Tanto o INCLUSP de 2006 quanto esta reforma de 2011 foram aprovados à revelia dos movimentos de educação, dos movimentos de cursinhos populares.

Em março de 2010 e de 2011 realizamos manifestações em frente à reitoria, em conjunto com outros movimentos de cursinhos, e não arrefeceremos: reivindicamos uma audiência pública sobre a democratização do acesso à universidade e as cotas sociais e raciais.

Sabemos que essa linha excludente e autoritária da reitoria, a lá Mubarack, tem sido cada vez mais repudiada pela comunidade universitária e sociedade em geral.

Estamos firmes na defesa de uma política de acesso à universidade que vire os atuais números da USP do avesso! A juventude negra, os mais pobres, os que estão nas escolas públicas não podem ficar esperando por mais décadas e décadas. Tampouco podemos nos contentar com vagas em universidades pagas e de péssima qualidade. Inclusão social imediata é adotar cotas sociais e raciais nas universidades. Democratizar o acesso é acabar com o vestibular e universalizar vagas.
 
 

Palestra "A dialética na (da) educação em cursinhos populares"


 
Link: http://www.anchietanum.com.br/site/lerNoticia.php?intIdNoticia=902

O Emancipa foi convidado para apresentar um café filosófico no dia 29 às 19h30min, no espaço do Anchietanum (ao lado do metrô Vl. Madalena). Estão todos convidados!
 

 

terça-feira, 5 de abril de 2011

Mais Notícias: estudantes protestam e pedem cotas sociais e raciais na USP

Fonte: http://g1.globo.com/vestibular-e-educacao/noticia/2011/03/estudantes-fazem-protesto-e-pedem-cotas-sociais-e-raciais-na-usp.html


(31/03/2011)

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Estudantes de cursinhos comunitários protestam em frente ao prédio da reitoria da Universidade de São Paulo nesta quinta-feira (31). Eles dizem que a discussão sobre a mudança no programa de inclusão de alunos de escola pública, o Inclusp, não é democrática e que gostariam de ser ouvidos para defender um sistema de cotas social e racial na USP.
 
Eles querem a abertura de discussão para a implementação das cotas na USP. "Antes de ser eleito, o reitor (João Grandino Rosas) afirmou que a USP tinha que discutir cotas. Agora não fala mais sobre o assunto", disse Leandro Salvati, coordenador do Núcleo de Consciência Negra na USP, que é formado por estudantes, funcionários e conta com 150 alunos de cursinho pré-vestibular.
 
Uma reunião do Conselho de Graduação discute mudanças no vestibular da Fuvest, que dá acesso à USP. Entre as propostas está mudar o sistema do Inclusp, com a possibilidade de aumentar a bonificação de 12% para 15%, com mudança na forma como o estudante atinge a pontuação. Os 3% de bônus automático deixam de existir e um novo percentual passa a valer de acordo com a participação em uma prova feita durante o ensino médio. A ideia é atrelar o bônus ao mérito, segundo a reitoria.

O protesto tem representantes de outros cursinhos comunitários como o Cursinho da Psico, Rede Emancipa de Cursinhos Populares, AEUSP - Cursinho do Crusp e UNEafro. Segundo Salvati, esses cursinhos reúnem cerca de 3 mil estudantes.

Para os manifestantes, o Inclusp, programa iniciado em 2006, não promoveu a inclusão social e racial na USP. A intenção da universidade é que 30% dos alunos vindos do vestibular fossem de escolas públicas, mas o índice alcançado é de 25%.

Notícias: USP corta bônus automático da Fuvest para alunos de escolas públicas

Fonte: http://noticias.r7.com/vestibular-e-concursos/noticias/usp-corta-bonus-automatico-no-vestibular-para-alunos-de-escolas-publicas-20110331.html?question=0


(31/03/2011)

Pontos a mais serão dados só pelo Pasusp; medida foi criticada por cursinhos populares

O Conselho de Graduação da USP (Universidade de São Paulo) aprovou o fim do bônus automático de 3% na nota do vestibular para alunos de escola pública. O benefício estava  previsto no Inclusp - o programa de inclusão social da Fuvest adotado em 2009.

(...)

A aprovação ocorreu na manhã desta quinta-feira (31). Com as mudanças, estudantes da rede pública terão que aderir ao Pasusp (Programa de Avaliação Seriada da USP), se quiserem receber pontos a mais no vestibular.

Fica mantido o bônus por desempenho no vestibular de até 6% para todos os candidatos, calculado com base na pontuação da Fuvest, que está sendo oferecido desde 2009.

Pasusp

A medida aprovada - chamada de Novo Inclusp - vai atrelar a participação dos alunos de escolas públicas ao Pasusp, caso queiram ser beneficiados no vestibular da Fuvest.

Para isso, o Pasusp vai passar a adotar a primeira fase do vestibular em substituição à prova em separado, que era realizada até agora. O programa de avaliação seriada vai ser estendido para alunos do segundo ano do ensino médio, que receberão até 5% de bônus na nota do vestibular, dependendo do resultado do estudante.

Caso voltem a participar do exame do Pasusp no terceiro ano do ensino médio, eles podem receber até 10% de bônus no vestibular. Essa bonificação é calculada com base no resultado do estudante na primeira fase da Fuvest.

Com a soma dos resultados, o bônus para vestibulandos pode chegar a 15%, segundo o documento do Novo Inclusp votado hoje.

Críticas

A medida é criticada por cursinhos populares mantidos por alunos da USP. Bianca Boggiani Cruz, coordenadora da rede de cursinhos Emancipa - que têm turmas na universidade - afirma que "mesmo que um aluno acerte 100% das questões, o bônus final será de apenas três ou quatro pontos a mais na Fuvest".
- A proposta atual é uma maquiagem, é iludir o aluno de escola pública.

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